Erros mais Freqüentes nas Análises de Projetos de Prevenção e Proteção Contra Incêndio
Um
projeto de prevenção e proteção contra incêndio deveria iniciar-se
juntamente com o projeto de arquitetura e perfeitamente integrado com os
projetos complementares (estrutural, hidráulico de consumo, elétrico,
etc.); infelizmente ele é lembrado somente na hora da aprovação legal na
Prefeitura, quando é exigido para andamento do processo.
Um
bom projeto deve contar com proteção passiva (contenção da propagação
vertical e horizontal), ativa (equipamentos de combate), pessoal
treinado e principalmente saídas de emergência com iluminação de
segurança adequada. Seria de muita importância, o que se faz em países
mais desenvolvidos, a limitação da carga de materiais combustíveis no
interior da edificação.
Baseado
nas normas da ABNT que dissertam sobre prevenção e proteção contra
incêndios, são apresentados abaixo alguns dos erros mais freqüentes
encontrados nas análises de projetos.
Sistema de iluminação de emergência – NBR 10898
- Dificuldade
de diferenciação entre aclaramento e balizamento. A primeira é a
luminosidade mínima para observação de objetos e obstruções à passagem; a
segunda é a indicação clara e precisa da saídas e do sentido de fuga
até local seguro;
- Não previsão de pontos de luz nas mudanças de direção, patamares intermediários de escadas e acima das saídas;
- Quando
adotado gerador, deve manter condições idênticas aos sistemas
alimentados por baterias (tempo de autonomia, localização dos pontos de
luz, altura, potência, funcionamento automatizado aceitando-se partida
até 15 segundos – no conjunto por baterias admite-se até 5 segundos).
Sistema de alarme – NBR 9441
- Localização
do painel central em locais como depósitos, sob escadas onde não há
pessoas freqüentemente ou isolados, de forma que não possam notar o
aviso desencadeado dos acionadores destacados e tomar as providências
necessárias imediatamente; ideal seria que houvesse até telefone com
linha externa nas proximidades para acionamento imediato do Corpo de
Bombeiros;
- Falta
de acionadores manuais onde há detecção automática (uma pessoa pode
observar o surgimento de um foco de incêndio e não pode ficar esperando o
sistema automático entrar em funcionamento, mas acionar o ponto manual
imediatamente).
Sistema de hidrantes – Decreto Estadual 38069/93
- Localização
de registro de recalque dentro do pátio interno de empresas, sendo que
deveria estar no passeio público próximo à portaria;
- Falta de botoeira liga-desliga alternativa quando for projetado sistema automatizado de acionamento das bombas;
- O
acionamento nesse caso é automático, mas a parada da bomba principal
dever ser exclusivamente manual, tal procedimento visa evitar que uma
pessoa que possa estar combatendo um incêndio seja prejudicada pelo
desligamento acidental;
- Não consideração de cotas altimétricas no dimensionamento da bomba de incêndio;
- Não
localização de hidrantes próximo às portas, sendo que em alguns casos
teria uma pessoa que passar pelo incêndio para chegar até um hidrante
que supôs-se utilizar para combater o mesmo.
Saídas de emergência – NBR 9077
- Inexistência
de captação de ar externo para o duto de entrada de ar – erroneamente
sai diretamente do térreo, na laje e em local fechado. Deve haver
prolongamento na mesma área ou maior até o exterior do prédio de forma a
aspirar ar puro que possa subir até os locais desejados;
- Falta de corrimãos em ambos os lados das escadas;
- Arco de abertura da porta corta-fogo secando a curvatura da escada, sendo que no máximo pode tangenciar a mesma;
- A
descarga de todos os pavimentos no pavimento térreo deve ser isolada da
descida até os pavimentos mais baixos a fim de evitar a descida até
eles e permitir que mais rapidamente se alcance local seguro;
- Todas
as portas de acesso às escadas de segurança devem ser do tipo
corta-fogo, que devem abrir no sentido da saída dos ocupantes;
- Projeto
de passagem de instalações elétricas, hidráulicas, dutos de lixo, gás
combustível nas paredes da escada ou até mesmo dentro delas;
- As únicas permitidas são as instalações elétricas da própria escada;
- Falta
de barras anti-pânico nas portas de emergência de locais de reunião
como cinemas, teatros, casas de espetáculos, salões de baile,
danceterías, “karaokê” etc.;
- Falta
de dimensionamento da largura e encaminhamento para as portas de saída
de acordo com o cálculo da população máxima possível do local.
Extintores portáteis e sobre-rodas -NBR 12692, 12693
- Não
previsão para riscos especiais como caldeiras, cabinas elétricas, casas
de máquinas de elevadores, depósitos de gás combustível que deverão
possuir aparelhos adequados e exclusivos para eles;
- Não previsão de tipos diferentes em um mesmo piso, de forma a atender princípios de incêndio em materiais diversos;
- Normalmente
quando é exigido o extintor sobre-rodas (carretas) instala-se apenas
um; sendo que deverão ser projetados atendendo à classe de material que
vai queimar, encaminhamento, área de cobertura e atendimento
exclusivamente no piso em que se encontram.
Erros mais freqüentemente encontrados nas vistorias
Nas
vistorias, as instalações são confrontadas com o Projeto ou mais
recentemente Proposta de Proteção contra Incêndios e as diferenças são
analisadas com vistas a manutenção das condições de segurança previstas
pelas Normas Técnicas Oficiais. Havendo deficiências elas são anotadas
em um relatório que é fornecido ao interessado para que analise e
proponha uma solução técnica.
Os
erros mais freqüentes encontrados nas vistorias realizadas pelos
engenheiros ou pelos arquitetos pertencentes ao quadro técnico do Corpo
de Bombeiros são:
Sinalização:
- Falta de indicação da chave de proteção da bomba de incêndio no Quadro Geral de Energia;
- Quando
houver prateleiras, armários que impeçam a visualização dos extintores,
hidrantes e demais equipamentos, a sinalização deve ser elevada acima
de tais obstáculos de forma a poder indicar a localização à distância;
- Falta de sinalização de solo em depósitos ou locais de fácil obstrução dos equipamentos;
- Quando
os equipamentos ficarem atrás de pilares, cantos de parede, escadas e
demais situações que fiquem escondidos, a sinalização deve apontar
nestes locais a direção onde estão aqueles equipamentos;
- Falta
de indicação da porta de saída e da rota a ser tomada, principalmente
em locais de reunião de pessoas, tratando-se de sinalização comum ou
integrante do sistema de luz de emergência;
- Falta de indicação “Saída de Emergência” ou “Escada de Segurança” nas portas corta-fogo, na face voltada para os halls;
- Falta de indicação do número do andar nas escadas.
Hidrantes:
- Mangueiras
acondicionadas em espiral, quando deveriam estar “aduchadas” isto é com
as duas extremidades voltadas para fora, a fim de facilitar o
desdobramento e uso rápido;
- Falta de esguicho ou chave de mangueira nos armários para hidrantes;
- Registro fechado na tubulação principal de alimentação;
- Instalações
em PVC internas às edificações ou executadas sem correto ancoramento e
solda apropriada nas junções, diminuindo a resistência do sistema.
Luz de emergência:
- Alguns pontos de luz ou todo o sistema desativado;
- Falta, parcial ou total, de solução nas baterias;
- Pontos
de luz com luminosidade insuficiente para o local, decorrente de
potência da central, fiação ou lâmpadas subdimensionadas;
- Não cumprimento do projeto no tocante à instalação de todos os pontos que foram previstos no projeto aprovado;
- Instalação ou alteração de divisórias sem revisão do projeto;
- Substituição do fusível por pedaços de metal, papel laminado de cigarro e similares.
Alarme:
- Instalação do painel central em local sem permanência constante de pessoas;
- Vidros quebrados nos pontos de acionamento manual;
- Falta de indicação das providências a serem tomadas para acionamento do mesmo;
- Fiação aparente e passando por locais sujeitos a avarias decorrentes de incêndios;
- Substituição do fusível por pedaços de metal, papel laminado de cigarro e similares.
Escada de segurança:
- Portas corta-fogo instaladas acima de 1 cm da soleira da porta permitindo que volume maior de fumaça a atravesse;
- Portas corta-fogo mantidas abertas por calços, vasos ou tijolos;
- Portas corta-fogo que não fecham automaticamente com a passagem das pessoas;
- Portas
corta-fogo instaladas sem espaço correspondente a uma largura antes e
depois no seu acesso ou saída, fazendo com que as pessoas tenham que
pegar na maçaneta estando em degrau acima ou abaixo da mesma;
- Portas corta-fogo sem placa de marca de conformidade;
- Venezianas de ventilação com elementos que não garantem a área mínima de ventilação de 0,84 m2;
- Instalação de fiação de antenas, prumadas elétricas e até tubulação de gás combustível já foi encontrada;
- Obstrução por vasos, sacos de lixo, materiais de construção, móveis etc.;
- Fixação de corrimãos por buchas nas paredes que não garante um mínimo de resistência ao arrancamento;
- Escada
de segurança que não termina no térreo (descarga) mas continua até o
subsolo obrigatoriamente ela deve terminar no pavimento do acesso à
edificação de forma que a população não desça, em casos de pânico, até o
subsolo.
Extintores portáteis e sobre-rodas:
- Falta de inspeção ou manutenção;
- Selo de aparelho novo em equipamento usado;
- Agente extintor “empedrado” nos aparelhos de pó químico seco;
- Medidor de pressão acusando aparelho fora de uso;
- Aparelho obstruído por móveis, lixo, vasos; atrás de portas;
- Tipo
de agente extintor não adequado ao material das proximidades (tipo pó
químico seco para papéis, quando deveria ser de água; água ou espuma
próximo a materiais energizados, quando deveria ser de gás carbônico e
outras mais).
Brigada de incêndio:
- Quando
declarado no projeto que haverá pessoal treinado e solicitados os nomes
antes da vistoria, no local as pessoas cujos nomes foram dados nem
sabiam que foram indicadas para tal função;
- A
Norma Brasileira para Brigada de Incêndio está em fase de elaboração,
mas nem mesmo conhecimentos básicos sobre tipos de extintores e sua
adequação aos materiais é observada;
- Os funcionários treinados saem da empresa e não há transferência dos cargos.
Recomendações para que uma edificação tenha saídas de emergências seguras
Para que um edifício tenha saídas de emergências seguras, é necessário que atenda aos requisitos mínimos:
- O revestimento de parede, piso e teto da circulação (áreas comuns), não deve ser de material combustível;
- Nas circulações deverá existir Sinalização Indicativa do Sentido de Saída;
- As
escadas deverão ser vedadas por PORTAS CORTA-FOGO. As mesmas irão
impedir a penetração de fumaça e gases quentes para dentro da escada,
possibilitando uma saída mais segura;
- O revestimento de parede, piso e teto da escada, não deve ser de material combustível;
- As
escadas não deverão ser utilizadas como depósitos. Não ter aberturas
para qualquer emprego (lixo, fiação telefônica e elétrica, gás
canalizado, etc.);
- Não
permita a colocação de grades ou outro material que venha a obstruir a
passagem da escada. Em caso de incêndio você poderá ficar preso sem
alternativas para escapar;
- As
áreas de circulação e escada deverão possuir iluminação de emergência
independente, alimentada por acumuladores (baterias) que deverão
funcionar automaticamente quando faltar energia na rede pública.
Recomendações para o caso de incêndios
- Toda a área de ser isolada, os curiosos e pessoas de boa vontade só atrapalham;
- O
pessoal treinado no combate a incêndios (brigada de incêndio), deve
intervir e por seu chefe, isolar a área e dar combate ao fogo;
- A
brigada não tem todos os recursos e não domina todas as técnicas de
combate ao fogo, portanto, em caso de dúvida, deve ser chamado
imediatamente o Corpo de Bombeiros;
- Antes de se dar combate ao incêndio, deve ser desligada a entrada de força e ligada a de emergência;
- Quando
o Corpo de Bombeiros chegar é preciso explicar qual a classe de
incêndio (classe A, B, C ou D), e orientá-los sobre a proporção (tamanho
das chamas e área) do incêndio;
- Os
equipamentos elétricos que não puderem ser desligados, mesmo no caso de
incêndio, deverão possuir circuito elétrico independente e placa
indicadora próxima aos seus dispositivos de comando;
- Em qualquer situação de incêndio, deve ser mantida a calma, deve-se atuar com serenidade e ninguém deve tentar ser herói.
Recomendações de caráter geral
- Evite
deixar crianças encerradas nos apartamentos, porque se surgir um
incêndio, as mesmas nada poderão fazer e a grande quantidade de fumaça
poderá causa-lhes a morte;
- Evite fumar quando estiver tentando dar um cochilo. Essa negligência poderá provocar o surgimento de um incêndio;
- Não use gasolina na limpeza do seu lar, o vapor poderá inflamar-se rapidamente;
- Evite jogar pontas de cigarros a esmo;
- Antes de sair do seu apartamento, verifique se há algum aparelho elétrico ligado;
- O registro de gás do fogão deverá, quando não estiver em uso, permanecer fechado;
- Devido a falta de brinquedos, as crianças sempre procuram alguma atração. Evite deixar fósforos ao alcance delas;
- Evite substituir o fusível queimado por moedas e macacos. Use fusível novo e com a sua capacidade adequada;
- O palito de fósforo não deve ser jogado fora sem antes ter sido apagado;
- Evite
guardar solventes, álcool, cera, querosene, gasolina ou outros produtos
inflamáveis próximo ao fogo e em locais que estejam ao alcance de
crianças;
- Todo
a edificação (escola, fábrica, shopping, etc.) deverá possuir caixa de
primeiros socorros com material adequado, e pessoal convenientemente
treinado.
Na maioria das vezes os grandes incêndios, quando na sua fase inicial, poderiam ser extintos apenas com um copo d’água.
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