Rotas de Fuga e Saídas de Emergência - Segurança contra Incêndio em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde - Tabela Coeficientes de Densidade de Ocupação - Fórmula NPC - Tabela Dados para dimensionamento das Saídas de Emergência - Tabela Tipo de escadas de Emergência em função da altura (EP, PF, PFP) - Tabela Distâncias máximas à serem percorridas - Limite de corredores sem saídas - Faixas antiderrapantes fotoluminescentes
Rotas de Fuga e
Saídas de Emergência
As rotas de fuga são caminhos contínuos, proporcionado por
portas, corredores, halls, passagens externas, balcões, vestíbulos, escadas,
rampas ou outros dispositivos de saída ou ainda combinações desses, para
atingir as saídas de emergência de uma edificação.
Já as saídas de emergência são caminhos contínuos,
devidamente protegidos e sinalizados, a serem percorridos pelos ocupantes do
Estabelecimento Assistencial de Saúde em caso de emergência, de qualquer parte
da edificação até atingir a via pública ou espaço aberto exterior protegido, em
comunicação com o logradouro.
As saídas de emergência têm como principal objetivo
permitir que os ocupantes abandonem de forma organizada a edificação em caso de
incêndio e/ou pânico, resguardando sua integridade física, ao mesmo tempo em
que permite o acesso de guarnições dos bombeiros.
As características dos ocupantes de uma
edificação são fatores importantes para avaliar os critérios de definição das
saídas de emergência (Coté, et al., 2009).
As saídas de emergência devem ser dimensionadas em função
da população do Estabelecimento Assistencial de Saúde, atendendo também a um
mínimo preestabelecido. Sugere-se que a população de cada pavimento seja
calculada utilizando as áreas úteis dos pavimentos, divididas pelos
coeficientes de densidade apresentados na Tabela 6 a seguir:
A largura das rotas de fuga e saídas de emergência deve
ser dimensionada em função do número de pessoas que por ela devam transitar na
eventualidade da ocorrência de um sinistro, desde que atendendo o mínimo
preestabelecido.
Os acessos às saídas de um pavimento devem ser
dimensionados exclusivamente em função da população desse pavimento, enquanto
as escadas, rampas e descargas devem ser dimensionadas em função do pavimento
de maior população.
A largura das saídas de emergência (acessos, escadas e
descarga) é dada pela fórmula: N = P / C.
Onde:
N = Número de unidades de passagem, arredondado para
número inteiro.
P = População, conforme coeficientes da Tabela 6.
C = Capacidade da unidade de passagem, conforme Tabela 7.
As rotas de fuga e saídas de emergência devem sempre
permanecer desobstruídas. Essas não devem ser utilizadas como recepção ou salas
de espera, bem como na guarda de materiais ou ainda para instalação de
telefones, bebedouros, extintores ou quaisquer objetos que possam vir a reduzir
a largura mínima necessária à evasão ou possam obstruir o tráfego.
A construção de escadas e rampas de emergência deve obedecer
os demais critérios estabelecidos na ABNT NBR 9.077, o código de obras do
município (se mais restritivo que a NTO), bem como as outras exigências legais
supervenientes, possuindo largura de:
• 1,65 m
para as escadas, os acessos (corredores e passagens) e descarga;
• 2,20 m
para as rampas, acesso às rampas (corredores e passagens) e descarga das
rampas.
Propõe-se
que as circulações das unidades de emergência, unidades de urgência, centro
cirúrgico, centro obstétrico, UTIs e UTQs possuam sempre largura igual ou
superior a 2,20 m.
Isso posto, sugere-se que pelo menos uma das escadas de emergência que servem
essas áreas deve possuir largura mínima de 2,20 m. Recomenda-se que
essas áreas sejam locadas em uma única prumada de compartimentação.
Recomenda-se que os tipos de
escada de emergência a serem implementadosno Estabelecimento Assistencial de
Saúde sejam determinados em função da altura da edificação:
A aplicação das legislações municipais determina o cálculo
de população dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, mas deve-se ter em
mente que as legislações ou mesmos as Normas Técnicas determinam os requisitos
mínimos de segurança e que, muitas vezes, esses podem ser insuficientes para
atingir um grau de segurança aceitável considerando uma edificação de atenção à
saúde em particular em razão de suas especificidades ou ainda considerando as
necessidades específicas de um determinado grupo de usuários.
Há de se considerar que movimentos verticais de pacientes
dentro de edificações de atenção à saúde são processos demorados e
ineficientes, em particular, de pacientes em áreas críticas que devem estar
conectados a aparelhos de suporte à vida, sendo de movimentação difícil ou, em
alguns casos, impossível (Venezia, 2011).
Ao contrário da maioria das outras ocupações, a pior ação
emergencial num Estabelecimento Assistencial de Saúde é a relocação ou
evacuação vertical dos pacientes. Por essa razão, deve-se privilegiar uma
estratégia “defend-in-place” (Coté, et al., 2009) ou uma estratégia de “defesa no
local”, isolando a área sinistrada combatendo o incêndio na origem e evitando
deslocar pacientes.
No planejamento das saídas, deve-se pensar a
transferência (horizontal) de pacientes de uma seção para outra no mesmo
pavimento. Essas seções devem ser separadas por barreiras corta-fogo ou fumaça,
de tal maneira que os pacientes confinados em suas camas possam ser
transferidos nas próprias camas (Coté, et al., 2009).
Considerando os riscos inerentes a um incêndio e suas
consequências, verifica-se que as distâncias máximas (Porta de acesso do
quarto, consultório ou área mais distante, desde que o caminhamento interno não
supere 10,00 m.),
a serem percorridas para que um ocupante do EAS consiga atingir em curto espaço
de tempo um local que ofereça condições razoáveis de segurança (escada
protegida ou à prova de fumaça, área de refúgio, compartimento contra incêndio
ou espaço livre exterior) podem variar em função no número e disposição de
saídas de emergência acessíveis e da existência de sistemas especiais de
segurança contra incêndio.
Assim, o desenvolvimento de projetos arquitetônicos para
um novo Estabelecimento Assistencial de Saúde deve considerar a decisão
antecipada sobre os sistemas especiais de segurança contra incêndio a serem
utilizados na edificação.
Novamente recomenda-se observar os critérios mais
restritivos dentre o estabelecido na ABNT NBR 9.077, o disposto no código de
obras do município e as demais exigências legais supervenientes, considerando a
tabela e notas a seguir:
Recomenda-se que todos os pavimentos acima do embasamento
(inclusive) possuam, no mínimo, duas saídas distintas com distanciamento mínimo
de 10,00 metros
entre elas. Essas duas saídas, por sua vez, possam ser acessadas de toda e
qualquer parte do pavimento.
Recomenda-se que a distância de corredores sem saída, nos
pavimentos acima e/ou abaixo do pavimento de descarga, não ultrapasse 9,00 metros, de forma a
permitir o retorno à porta de saída de emergência, dentro de um tempo razoável.
Recomenda-se que as escadas de emergência
sejam localizadas nas extremidades da edificação e não somente no núcleo
central dessa, alocadas de forma diametralmente oposta, viabilizando rotas de
fuga distintas e não somente uma única rota de fuga levando a duas ou mais
saídas, que pode vir a ser eventualmente bloqueada no incêndio, deixando os
ocupantes presos.
Recomenda-se que a definição de cores a serem utilizadas
na pintura das escadas de segurança considere sua utilização em caso de
emergência e assim, recomenda-se que a pintura das paredes internas da escada
seja na cor branca, mantendo os pisos em um tom cinza claro, e corrimãos em
amarelo, objetivando melhorar o nível de iluminação e contraste do ambiente.
De maneira análoga, recomenda-se que sejam implementadas
faixas antiderrapantes fotoluminescentes em todos os degraus das escadas de
emergência, contribuindo para a melhoria das condições de segurança dessas e
assim facilitando o fluxo de evasão.
Conforme disposto na ABNT NBR 9.050, junto à porta
corta-fogo das escadas de emergência, deve haver sinalização tátil e visual
informando o número do pavimento. Alternativamente, a mesma sinalização pode
ser instalada nos corrimãos.
Recomenda-se que o ingresso nas caixas de escadas de
segurança pelo pavimento de descarga deve permanecer destrancado, permitindo o
acesso de equipes de intervenção externas. Alternativamente, pode ser
implementada “caixa tipo quebre o vidro”, para disponibilizar a respectiva
chave e assim sugere-se que essa fique a não mais que 1,20 m de distância da porta
corta-fogo, entre 0,90 e 1,20
m de altura.
O partido arquitetônico deve considerar a possibilidade de
utilização de rampas para o deslocamento vertical, facilitando o fluxo de
pacientes, especialmente o trânsito de deficientes locomotores. Cabe ressaltar
que conforme a ABNT NBR 9.077, deve se usar rampas para unir dois pavimentos de
diferentes níveis em acessos a áreas de refúgio, bem como para viabilizar a
continuidade entre o acesso de elevadores de emergência e a descarga da
edificação. O dimensionamento das rampas deve seguir o estabelecido na ABNT NBR
9.050.
Recomenda-se que a utilização de rampas restrinja-se à
ligação de, no máximo, três pavimentos consecutivos em razão da quebra de
compartimentação provocada por essas (as rampas acabam permitindo a passagem de
fogo e a circulação de fumaça entre compartimentos).
Outrossim, deve-se limitar as dimensões das áreas a serem
interligadas pelas rampas, fazendo com que a somatória das duas ou mais áreas,
tomadas individualmente, seja inferior a área máxima de compartimentação
estabelecida.
Novamente, conforme apresentado na ABNT NBR 9.050, é
obrigatória a instalação de corrimãos e guarda-corpos nos dois lados das rampas
e escadas.
Assim, esses devem ser construídos em materiais rígidos,
firmemente fixados às paredes ou barras de suporte e oferecer condições seguras
de utilização.
Esses corrimãos devem permitir boa empunhadura e
deslizamento, sendo preferencialmente de seção circular entre 3,50 cm e 4,50 cm de diâmetro. Deve
ser verificado o espaço livre de 4,00 cm, no mínimo, entre a parede e o
corrimão.
O corrimão deve prolongar-se, pelo menos, 0,30 m antes do início e
após o término da rampa ou escada, sem interferir com áreas de circulação ou prejudicar
a vazão, devendo ser contínuo, sem interrupção nos patamares das escadas ou
rampas. As extremidades do corrimão devem ter acabamento recurvado, ser fixadas
ou justapostas à parede.
Recomenda-se que todo Estabelecimento Assistencial de
Saúde classificado como E-III conforme Tabela 3 – Classificação dos EAS quanto
ao atendimento ou estrutura física, ou edificações que possuam atividades que
demandem internação, cirurgias não ambulatoriais, parto cirúrgico ou
procedimentos médicos com a utilização de anestesia geral, possuam no mínimo um
elevador de emergência por eixo de compartimentação (para mais informações
sobre compartimentação, vide Item 1 do Capítulo VIII desse documento). Esses,
por sua vez, devem:
• ser independentes dos elevadores de uso comum;
• ter suas caixas enclausuradas por paredes resistentes a
2 horas de fogo;
• atender a todos os pavimentos do edifício, incluindo
subsolos;
• ter portas metálicas abrindo para hall enclausurado e
pressurizado;
• ter circuito de alimentação elétrica independente;
• estar ligados a um grupo motogerador de emergência;
• permitir serem ligados a um gerador externo na falha do
gerador interno.
Recomenda-se que as dimensões internas da cabine dos
elevadores de emergência possuam, no mínimo, as dimensões livres de 2,10 m x 1,30 m, permitindo o
eventual transporte de macas.
Tanto para as escadas quanto para os elevadores de
emergência, os elementos de compartimentação, constituídos pelo sistema
estrutural das compartimentações e vedações das caixas, dutos e antecâmaras, devem atender
no mínimo o mesmo TRRF da estrutura principal da edificação.
Recomenda-se que todas as portas de acesso que
proporcionem condições de evasão devam abrir no sentido da saída e, ao abrir,
não reduzam as dimensões mínimas exigidas para os acessos.
Todas as rotas de fuga e saídas de emergência devem ter
iluminação natural e/ou artificial em nível suficiente, conforme disposto na
ABNT NBR 5.413, garantindo as condições mínimas de segurança ao processo de
evasão, independentemente das condições de iluminamento externo. Assim, mesmo
nos casos de edificações destinadas a uso exclusivo durante o período diurno, é
indispensável a iluminação (de emergência) artificial (CBPMESP, 2011).
Recomenda-se também que seja evitada a instalação de
espelhos nos corredores de rota de fuga ou próximos às saídas de emergência,
pois podem acabar prejudicando a visibilidade das saídas de emergência.
Objetivando a segurança dos usuários em situações de
pânico ou emergência, todos os vidros a serem instalados nas rotas de fuga
devem ser do tipo laminado. Já os vidros existentes nessas rotas de fuga devem
ser protegidos por meio da aplicação de lâminas de Polivinil Butiral (PVB) ou
ainda outros filmes antiestilhaçamento.
Conforme verificado na Parte 1 da ABNT NBR 13.434, os
elementos translúcidos ou transparentes como vidros, utilizados em esquadrias
destinadas a fechamento de vãos (portas e painéis divisórias) integrantes de
rotas de saída, devem possuir tarja em cor contrastante com o ambiente,
com largura mínima de 50 mm,
aplicada horizontalmente em toda sua extensão, na altura constante compreendida
entre 1,00 m
e 1,40 m
do piso acabado.
A implementação de barreiras de segurança patrimonial
(ex.: portas, catracas, etc.) nas rotas de fuga deve obrigatoriamente
considerar a manutenção de condições adequadas de evasão e as dimensões mínimas
necessárias para tal.
- Nesse caso, as catracas devem obrigatoriamente ser
dotadas de dispositivo eletromecânico apropriado que, ao ser acionado, libere
automaticamente a passagem, removendo qualquer obstáculo do percurso de evasão
(ex.: braço que cai). Tal dispositivo deve ser acionado automaticamente quando
do disparo do sistema de alarme de incêndio da edificação, no modo de falha
segura.
- O eventual portão para acesso de PPNE, se existente,
deve abrir no sentido de evasão. Quando dotado de trava eletromecânica, deve
ser desativada automaticamente quando do disparo do sistema de alarme de
incêndio da edificação, no modo de falha segura.
Considerando que grande parte da população dos EAS não se
encontra familiarizada com as rotas de fuga da edificação, deve-se assumir que
a maioria das pessoas, instintivamente, considerará que as vias utilizadas para
acesso devem ser utilizadas como as vias principais de saída de emergência.
Assim, embora haja necessidade de dispor saídas em lados diametralmente opostos
no sentido de assegurar caminhamentos distintos na eventual obstrução de uma
rota de fuga, há de se entender o comportamento esperado nesses casos e assim
projetar saídas complementares junto aos acessos principais da edificação.
Sugere-se a elaboração de um “panfleto informativo” simples, de fácil e rápida leitura, informando aos visitantes do Estabelecimento Assistencial de Saúde quanto às medidas de segurança contra incêndios existentes e como deve-se agir em caso de alarme de incêndio.
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