Segurança Estrutural Contra Incêndio - Segurança contra Incêndio em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde - Tabela TRRF ( tempos requeridos de resistência ao fogo), dos Elementos de Construção dos EAS
Segurança Estrutural
Contra Incêndio
As principais ações que causam esforços nas estruturas das
edificações à temperatura ambiente são a ação da gravidade e a ação eólica
(ventos). Já numa situação de incêndio, deve ser considerada também a ação
térmica. A ação térmica no aço ou no concreto armado é traduzida pela redução
de suas propriedades mecânicas, ou seja, há a redução progressiva de
resistência e rigidez em função da elevação da temperatura (Silva, et al.,
2003). De maneira análoga, a capacidade das estruturas mistas, das estruturas
de madeira, de alumínio e de alvenaria estrutural é afetada pela ação do fogo.
A integridade estrutural da edificação deve
ser garantida, no mínimo, pelo tempo necessário para relocar, movimentar no
mesmo pavimento ou evacuar os ocupantes que não são imediatamente ameaçados
pelo desenvolvimento do incêndio (Coté, et al., 2009).
Os elementos de madeira sofrem carbonização na superfície
exposta ao fogo, reduzindo a área resistente e realimentando o incêndio. A
região central recebe proteção proporcionada pela camada carbonizada (Silva,
2012).
Já o concreto armado é um material constituído por vários
materiais. Em situação normal, ou seja, à temperatura ambiente, o concreto
comporta-se como um material homogêneo. Já a altas temperaturas, a
heterogeneidade do concreto armado é realçada e verificam-se dilatações
térmicas diferentes de seus componentes, exercendo pressões nos poros do
concreto devido à evaporação da umidade, as quais conduzem à formação de
tensões térmicas na microestrutura do concreto endurecido. Essas tensões levam
à fissuração excessiva e potencializam o enfraquecimento do concreto (Costa, et
al., 2002).
Dentre as formas de desagregação por que passa o concreto
armado quando aquecido, destaca-se o fenômeno do “spalling” (spalling é o
fenômeno de lascamento da superfície do elemento construtivo de concreto
submetido à ação térmica (altas temperaturas por períodos prolongados ou
variações de temperatura muito rápidas) numa situação de incêndio, projetando
partes do elemento com menor ou maior intensidade (de forma explosiva), que
pode assumir um caráter imprevisível, durante os primeiros minutos de incêndio
(Costa, et al., 2002).
O aumento crescente das fissuras no curso do incêndio
reduz ainda mais a resistência residual do concreto. Porém, se lascamentos e
fissurações excessivos ocorrerem, a armadura de aço pode fragilizar-se
rapidamente devido à exposição ao calor intenso e levar o elemento estrutural à
ruína. Dessa forma, os danos progressivos do concreto podem colocar em grave
risco as ações de salvamento e combate ao fogo na edificação (Silva, et al.,
2003).
Assim, os elementos estruturais dos Estabelecimentos
Assistenciais de Saúde devem atender aos tempos requeridos de resistência ao
fogo (TRRF) para que, em situação de incêndio, seja evitado o colapso
estrutural da edificação assegurando tempo suficiente para as intervenções das
equipes de resposta, quer sejam internas ou externas.
Normalmente, não há risco de falha estrutural antes da
inflamação generalizada. O risco de dano estrutural pode ser expresso em termos
do tempo para atingir a inflamação generalizada no compartimento em relação ao
tempo requerido para início das ações de combate ao incêndio. Se a inflamação
generalizada ocorre, o compartimento inteiro será envolvido pelo fogo e um
controle bem-sucedido do incêndio deixa de ser esperado. Isso significa que
evitar a inflamação generalizada é questão prioritária na segurança da
edificação.
Os tempos requeridos de resistência ao fogo são aplicados
aos elementos estruturais e de compartimentação e recomenda-se que sejam definidos
a partir da altura da edificação e da disponibilidade ou não de Bombeiros
Militares no município do EAS. Assim, sugere-se adotar, no mínimo, os tempos
definidos na Tabela a seguir:
No que diz respeito às exigências normativas de segurança das
estruturas em situação de incêndio e os tempos mínimos requeridos, recomenda-se
consultar o disposto na ABNT NBR 14.432 – Exigências de resistência ao fogo de
elementos construtivos das edificações. Já para fins de dimensionamento das
estruturas, consultar a ABNT NBR 14.323 – Projeto de estruturas de aço e de
estruturas mistas de aço e concreto de edifícios em situação de incêndio e a
ABNT NBR 15.200 – Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio.
As Normas Técnicas referenciadas anteriormente apresentam
métodos de cálculo simplificado para dimensionamento de elementos estruturais
isolados, de forma a atenderem com precisão o TRRF solicitado. Entretanto, em
alguns casos, esse dimensionamento simplificado pode não ser a solução mais
econômica e, assim, podem ser utilizadas soluções mistas com o emprego de
barreiras térmicas com o uso de materiais de revestimento resistentes ao fogo,
como o próprio concreto (placas pré-moldadas ou ainda moldado “in loco”),
fibras minerais projetadas, fibras cerâmicas rígidas ou semirrígidas
(envelopamento), gesso acartonado (em placas), tintas intumescentes (Intumescência
é a reação de componentes ativos do produto intumescente, que sob a influência
do calor, produzem uma expansão significativa de seu volume (ou espessura),
produzindo uma massa carbonácea que protege qualquer substrato sobre o qual o
revestimento tenha sido aplicado das ações do fogo), e outros.
Esse Manual não tem a pretensão de ser um “código de obras e edificações”, mas particularmente no caso de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, algumas características construtivas devem ser minimamente seguidas, com o propósito de assegurar a estabilidade estrutural pelo tempo necessário ao abandono seguro de ocupantes com dificuldades ou restrições locomotoras. Tempo esse que deve ser consideravelmente maior que o verificado em edificações similares com outras ocupações.
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