Sistema de Chuveiros Automáticos - Segurança contra Incêndio em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde - Esque simples de um Sistema de Chuveiro Automático - Central de Válvulas do andar (tubulação principal, tubulação ladrão, pressostato, válvula (registro principal), Válvula (registro) para averiguação da qualidade da água da rede, Válvula (registro) para fazer drenagem parcial ou total da rede, Lente de averiguação da qualidade da água, ralo ladrão para escoamento de água - Chave de fluxo - Quadro de temperaturas dos Bicos dos Chuveiros Automáticos - Bico de chuveiro automático pendente - Bico de chuveiro automático em pé, lateral, oculto, oculto selado - Sistema de tubo seco - molhado - Ação prévia - Bico oculto selado em forro de sala de Cirurgia - Bico oculto não ferroso em forro - Proteção mecânica para bicos de chuveiros automáticos
Sistema de Chuveiros
Automáticos
A taxa de fatalidade em incêndios sem algum tipo de
sistema de supressão automática é cerca de sete vezes maior que em ocorrências
com a presença desse sistema. A redução observada nas estatísticas
norte-americanas na taxa de fatalidades por 1.000 ocorrências de incêndio,
quando algum sistema de supressão automática está presente, é de 86,7% (Ahrens,
2003).
O sistema de chuveiros automáticos é composto por uma rede
fixa de ramais hidráulicos distribuídos horizontalmente e encontra-se conectado
a uma fonte de abastecimento através de uma coluna vertical principal de
alimentação (riser), permanecendo preenchida com água sob pressão, de maneira
que quando aberto um ou mais chuveiros conectados nesses ramais horizontais
pela ação direta do calor, imediatamente inicia-se o combate contra o foco de
incêndio pelo despejo de água em densidade adequada ao risco do local
protegido, exclusivamente através dos bicos de chuveiros afetados pelo fogo e
sem intervenção humana. O sistema de chuveiros automáticos realiza de maneira
simultânea a detecção, o alarme e o combate ao fogo.
Nas derivações do alimentador vertical principal para cada
rede horizontal de ramais (nos distintos compartimentos ou pavimentos)
encontra-se instalada uma chave setorial dotada de montagem específica para
realização de testes e eventual drenagem (para manutenção), bem como uma “chave
de fluxo” com retardo pneumático para monitoramento do disparo desse sistema de
combate a incêndios por chuveiros automáticos.
Essa “chave de fluxo” atua como dispositivo de
inicialização de alarme quando o fluxo de água que passa por sua pá interna é
igual ou maior ao fluxo equivalente da passagem de água sob pressão por um
único bico de chuveiro automático de menor “orifício de descarga” empregado no
sistema.
O deslocamento dessa pá interna pelo fluxo de água em
movimento provoca o fechamento de um contato elétrico livre de tensão, que deve
ser constantemente monitorado pelo sistema de detecção e alarme de incêndio da
edificação.
O retardo pneumático verificado nestas chaves de fluxo
minimiza a ocorrência de falsos alarmes, minimizando os impactos de golpes e/ou
variações de pressão, normalmente verificados em sistemas hidráulicos desta
natureza.
Recomenda-se que cada compartimento de incêndio seja
supervisionado por uma chave de fluxo, de forma tal, que o disparo de um único
bico possa subsidiar o painel central de alarme de incêndio indicando
especificamente o compartimento sinistrado.
O chuveiro automático possui um obturador ou sensor
térmico que impede a saída da água em situação normal. Esse obturador pode ser
constituído por uma ampola de quartzoid, contendo um líquido apropriado, que
sob a ação
do calor, se expande devido ao seu elevado coeficiente de
expansão, rompendo a ampola e permitindo a aspersão da água sobre o local, após
incidir sobre um defletor ou roseta de formato especial.
Os chuveiros automáticos são aprovados em graus nominais
de temperatura para seus acionamentos, variando de 57 °C a mais de 260 °C e devem ser
especificados em função das temperaturas máximas esperadas nos tetos das áreas
protegidas, considerando uma margem de segurança mínima de 20 °C acima dessa
temperatura. As temperaturas de acionamento dos bicos são normalmente indicadas
por código de cores dos bulbos.
Utiliza-se também como elemento termossensível de vedação
uma peça tipo fusível de liga metálica com ponto de fusão muito baixo, que pode
ter a forma de uma pastilha ou de uma pequena lâmina. Destaca-se que o fusível
de liga metálica é mais resistente contra impactos e, portanto, menos susceptível
a derramamentos acidentais por choques mecânicos não intencionais.
Os chuveiros automáticos devem possuir certificação de
conformidade emitida por organismo certificador acreditado junto ao INMETRO, de
acordo com as ABNT NBR 6125 e ABNT NBR 6135.
Os bicos de chuveiros automáticos podem ser instalados em
várias posições e para cada uma delas existe um formato de defletor adequado.
As posições mais encontradas nas instalações podem ser classificadas em:
• Pendente (Pendent): chuveiro projetado para instalação
em posição na qual o jato de água é dirigido para baixo contra seu defletor,
dispersando o jato em determinado padrão.
• Em Pé ou Para Cima (upright): normalmente utilizada em
instalações onde as canalizações são expostas (ex.: garagem), esse modelo faz
com que o jato de água seja direcionado para cima até encontrar o defletor, que
de certa forma “reflete” o jato na direção oposta (para baixo), protegendo
inclusive a canalização.
• Lateral (sidewall): modelo projetado com defletor
especial para descarregar a maior parte da água para frente e para os lados, em
forma de um quarto de esfera, e uma parte mínima para trás, contra a parede.
• Oculto (concealed): modelo pendente diferenciado por
estar instalado dentro de um invólucro a ser embutido no teto. Possui uma tampa
especial de cobertura que é liberada a uma temperatura inferior a de operação
do chuveiro automático.
• Oculto selado (sealing concealed): modelo específico
para áreas limpas. Similar ao bico oculto padrão, mas dotado de anel específico
de vedação que protege sua tampa sem interferir na sua correta operação.
Em geral todos os modelos de chuveiros automáticos são
oferecidos em versões com resposta (velocidade de operação), padrão e com
resposta rápida (fast ou quick response). A diferença entre os dois tipos de
resposta está no tempo decorrido até que a elevação de temperatura seja
efetivamente “percebida” pelo elemento termos-sensível do bico para que haja o
rompimento da ampola e a liberação da água para o combate.
Também encontram-se disponíveis bicos de chuveiros
automáticos de cobertura estendida, protegendo uma área maior que a área
normalmente coberta por um bico padrão. Especialmente na proteção de
consultórios e quartos de internação, pode ser considerada uma solução de
projeto economicamente mais atrativa, através da utilização de bicos laterais
ou ainda bicos laterais de cobertura estendida “tipo residencial” ao invés da
proteção tradicional por bicos pendentes padrão.
Existem várias tecnologias, ou seja, sistemas de chuveiros
automáticos com princípios de funcionamento distintos para implementação de uma
solução eficiente de proteção para Estabelecimentos Assistenciais de Saúde,
sendo necessário um estudo detalhado para definição da melhor alternativa
técnica para cada compartimento ou área da edificação. Assim, a solução de
sistema de chuveiros automáticos pode ser única ou contemplar diversas
tecnologias.
Sistema de
Tubo Molhado (Wet Pipe System)
O sistema convencional de chuveiros automáticos,
verificado na maioria das instalações, é conhecido como “sistema de tubo
molhado”, consistindo em uma rede fixa de ramais hidráulicos contendo água sob
pressão, de forma permanente, na qual estão instalados bicos de chuveiros
automáticos distribuídos atendendo a um padrão de proteção para área de risco,
de maneira que a água seja descarregada imediatamente por esses bicos quando
abertos pelo calor do incêndio.
O emprego do sistema de chuveiros automáticos de cano
molhado é recomendado para a grande maioria dos locais, considerando áreas onde
não haja risco de congelamento da água presente na tubulação do sistema,
portanto, devendo ser evitado nas áreas de câmaras frias e ainda no necrotério.
Sistema de
Tubo Seco (Dry Pipe System)
O sistema de chuveiros automáticos de tubo seco consiste
em uma rede de tubulações fixas pressurizada com ar comprimido ou nitrogênio,
igualmente com chuveiros instalados em seus ramais. O sistema possui uma
válvula que se abre automaticamente quando verificada uma queda de pressão na
rede, ou seja, quando constatada a liberação do gás contido nessa tubulação
pelo acionamento de um ou mais bicos. Somente nessa situação a válvula
permitirá a admissão da água na tubulação para o início do combate.
Esse tipo de sistema é especificamente destinado a
instalações de proteção em regiões sujeitas a baixíssimas temperaturas, que
pode vir a ocasionar o congelamento da água contida na tubulação se fosse
adotada a proteção por um sistema convencional.
Como o início efetivo do combate ao incêndio não se dá de
forma imediata, recomenda-se a utilização de válvulas de abertura rápida e
dispositivos de alívio de ar na rede, aumentando assim a velocidade de
inundação da tubulação
e a resposta do sistema.
Sistema de
Ação Prévia (Pre-action System)
Esse sistema emprega uma primeira rede seca, semelhante ao
sistema anterior, ou seja, uma rede de tubulação fixa contendo ar ou nitrogênio
sob pressão, na qual são instalados bicos de chuveiros automáticos em seus
ramais, protegendo uma determinada área de risco.
Esse primeiro sistema é complementado por um segundo
sistema de detecção, em paralelo (cobrindo a mesma área de risco), que pode ser
um sistema de detecção hidráulica através de bicos “pilotos” (secos ou
molhados) ou um sistema de detecção (eletrônico) de fumaça. Ambos os sistema
são interligados a uma válvula tipo “dilúvio”.
Os sistemas de chuveiros automáticos do tipo ação-prévia
destinam-se à proteção de áreas muito sensíveis, áreas com equipamentos ou bens
muito valiosos e riscos diferenciados, podendo possuir comando de funcionamento
do tipo monoativado (single interlock) ou ainda tipo duplo ativado (double
interlock).
No caso de sistemas com comando monoativado, a válvula
“dilúvio” se abre automaticamente quando o sistema paralelo de detecção é
atuado, inundando a tubulação de combate antes mesmo da abertura de qualquer
bico de chuveiro automático pelo incêndio, deixando a rede de combate pronta
para o combate imediato.
Já no caso de sistemas com comando tipo duplo ativado, a
abertura da válvula “dilúvio” para inundação da rede só se dá quando da
constatação do incêndio pelos dois sistemas, ou seja, a atuação do sistema
paralelo de detecção e a abertura de um ou mais bicos de chuveiros da rede de
combate, aportando muito mais segurança contra derramamentos acidentais, uma
vez que somente haverá a possibilidade de fluxo de água com a dupla
confirmação. Por outro lado, verifica-se um atraso no início efetivo do combate
quando da opção pelo comando duplo ativado.
Assim, conforme verificado na Tabela 4 – Necessidades de
Sistemas Especiais de Segurança Contra Incêndio, recomenda-se fortemente a
implementação de um sistema de proteção contra incêndio por chuveiros
automáticos em conformidade com o disposto na ABNT NBR 10.897 ou nos standards
NFPA 13, para todo Estabelecimento Assistencial de Saúde com altura superior a 24,00 metros.
Recomenda-se fortemente que as áreas
sensíveis como CC, CO, UTI e UCO sejam igualmente protegidas por sistema de
proteção contra incêndios por chuveiros automáticos. Não foram localizadas
evidências técnico-científicas que justifiquem a omissão de proteção por
chuveiros automáticos nessas áreas.
Cabe ressaltar que a ocorrência de derramamento acidental
de chuveiros automáticos em utilização normal é muitíssimo remota. A quase
totalidade dos casos apresentados na literatura especializada, refere-se a
incidentes quando de intervenções por obras ou reformas. Há de se considerar
também, que independentemente da qualidade da água utilizada nas redes dos
sistemas de combate a incêndio, o dano provocado pelo fogo e suas consequências
são certamente mais prejudiciais aos quadros clínicos de pacientes e/ou ao
patrimônio protegido.
Para esses casos específicos, bem como para a proteção de
outras áreas sensíveis dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, ou ainda
para proteção de áreas com equipamentos sofisticados de diagnóstico por imagem
(ressonância magnética, tomografia e etc.), pode ser considerada a alternativa tecnológica
de implementação de um sistema de tubo seco com válvula de ação-prévia com
comando duplo ativado, adequadamente intertravado com módulo específico do
sistema de detecção (de fumaça) e alarme de incêndio.
Ainda para as áreas de CC, CO e outras áreas limpas dos
EAS, recomenda-se a utilização de bicos específicos, do tipo “ocultos selados”.
De maneira análoga, para ás áreas de REMA e TOMO,
recomenda-se a utilização de bicos ocultos não ferrosos:
Já para as áreas eminentemente técnicas, áreas de DML,
depósitos, oficinas e similares, recomenda-se a utilização da proteção mecânica
para os bicos de chuveiros automáticos.
Sistemas de chuveiros automáticos estavam presentes em 55%
dos casos de incêndios estruturais relatados em EAS nos Estados Unidos entre 2006 a 2010 e constatou-se,
que os danos diretos ao patrimônio por incêndio em edificações com sistemas de
chuveiros automáticos de tubo molhado, foram 61% menor que os danos em
edificações sem os mesmos sistemas automáticos de combate a incêndios (Ahrens,
2012).
Em 96% dos casos de disparo do sistema de
chuveiros automáticos para extinção de um princípio de incêndio, eles foram
eficientes. Na grande maioria dos casos (88%), o disparo de um ou dois bicos
foi suficientemente eficaz para extinguir totalmente o fogo (Ahrens, 2012).
Sugere-se manter em estoque uma quantidade mínima de
chuveiros automáticos sobressalentes para substituição imediata em caso de
operação ou dano, de forma a recolocar esse sistema de proteção contra incêndio
em funcionamento com a maior brevidade possível.
Recomenda-se também a não reutilização de bicos de
chuveiros automáticos que eventualmente tenham sido retirados de suas posições
originais de instalação por qualquer razão, pois podem ter sido danificados.
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